Os estudiosos das Sagradas Escrituras resumem os Dez Mandamentos em uma palavra e dois princípios. O decálogo revelado por Deus a Moisés poderia ser descrito pelo vocábulo amor.
Nessa perspectiva, as dez ordenanças estabelecidas no Pentateuco são sistematizadas por duas ideias: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.
Pensando nisso, é coerente afirmar que quem ama a Deus e ao próximo não terá outros deuses, não fará imagens, não tomará o nome de Deus em vão, terá um tempo exclusivo para Ele, honrará pai e mãe, preservará a vida, será fiel ao cônjuge, de forma nenhuma usurpará o bem alheio, sempre dirá a verdade e se afastará da cobiça.
Essa súmula do decálogo em uma única palavra e dos mandamentos em dois princípios são a fundamentação do Evangelho, que explode como uma nova mensagem: o amor a Deus e ao próximo. As boas novas de salvação irão testificar que o Eterno é amor e, que por amor, Ele deu seu único filho (Jesus Cristo), e, através deste amor, concede à igreja o Consolador (Espírito Santo).
No entanto, esse amor como estandarte do Evangelho não é um sentimento traduzido por meio de gesto feito com as mãos, que lembra um coração. O amor difundido nas páginas do Novo Testamento requer atitude, comprometimento e compromisso.
O amor no Evangelho não pode ser apenas de palavras, composto de sonetos, gotejados em canções ou descritos em camisetas. Ele exige uma postura, mudança de comportamento, rompimento com tradições e alinhamento das motivações.
Isso se torna possível quando a Bíblia é a referência de inspiração, autoridade, suficiência, infalibilidade e inerrância, ou seja, a única regra de fé e prática da Igreja – Sola Scriptura (Somente as Escrituras). O Evangelho se torna vivo se reconhecemos que Cristo é o único mediador entre Deus e o homem e, nenhum outro complemento precisa ser adicionado a sua obra redentora – Solus Christus (Somente Cristo).
O Evangelho ganha guarida e praticidade no momento que entendemos que a salvação não é resultado de sacrifício humano, recompensa pelo esforço ou reconhecimento de meritocracia, mas a salvação é somente pela graça – Sola Gratia (Somente pela graça). Isso significa que ela é uma obra realizada unicamente por Deus não dependendo de qualquer cooperação humana.
A compreensão do Evangelho não se faz pela academia, tempo de membresia ou cargo ministerial. Isso foge à experiência humana, pois a justificação é unicamente pela fé – Sola Fide (Somente a fé) – em Cristo, não tendo ela origem no homem, mas é dom de Deus.
O Evangelho tributa toda honra e toda a glória a Deus – Soli Deo Gloria (Somente a Deus a Glória). “Quando se entende que somente a Palavra Deus é a única regra de fé e prática, que ela revela que unicamente Cristo é o mediador entre Deus e o homem, e que a salvação não vem de obras humanas, mas é pela graça mediante a fé, não há outra interpretação possível a não ser a de que a glória pertence somente a Deus”, ressalta Daniel Conegero.
Foi a volta ao Evangelho, que tem como estandarte o amor, que levou Martinho Lutero, no dia 31 de outubro de 1517 a fixar 95 teses contra a venda de indulgências. O Evangelho, uma revolução da crença e uma explosão do amor, fez com que os reformadores estabelecessem os Cinco Solas.
Neste dia 31 de outubro de 2020, 503 anos depois do marco histórico para os protestantes, que possamos repensar qual o lugar que o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo ocupa em nossa vida.
Referência CONEGERO. Daniel. O Que São os 5 Solas da Reforma Protestante? Artigo disponível em < https://estiloadoracao.com/5-solas-da-reforma-protestante/>
Sobre o autor
Esdras Domingos da Silva é presbítero da Assembleia de Deus – Belém – Campo de Limeira, em Artur Nogueira. Casado com Solange Domingos, ele é jornalista, bacharel em teologia pelo CETAD e UNAR, especializado em gestão ambiental pela Faculdade Anhanguera e graduando em pedagogia. Esdras é um dos responsáveis pelo site da IEAD Belém e professor do CETAD.