23 mar 2021 Esdras DESTAQUE (notícias em destaque), Notícias, Saúde
Vaneide Moreira
Exerço minha profissão em uma entidade filantrópica com pacientes geriátricos, onde é necessário amor, dedicação e muita paciência para com os pacientes, pois a maioria sofrem de Alzheimer, Parkinson (doenças degenerativas) e outras. É importante gostar do que se faz, não obstante é um trabalho no qual demanda várias funções pertinentes a profissão relacionadas a jornada de trabalho extensa e ao esforço físico ocasionando em alguns momentos o cansaço e o estresse. É importante o equilíbrio emocional e uma boa relação intrapessoal.
Para exemplificar melhor irei descrever algumas ocorrências comportamentais e físicas que são comuns aos pacientes: deambulam, caminham lento, passos menores, diminuindo o equilíbrio, perdem o apetite e peso (cerca de 5% em um ano). Apresentam fadiga constante, ficam parados por um longo tempo, diminuição da força muscular. Perdem interesse pelas atividades diárias, e tem humor variável.
Temos pacientes acamados, com atrofia muscular, por conta da perda de memória. Há casos fazendo uso de sonda nasoenteral gástrica por não se lembrar mais de deglutir. A última memória a ser perdida é a memória de procedimentos, ou memória automática. São responsáveis por armazenar dados de repetições e atividades que segue o mesmo padrão. Nelas se inclui todas habilidades motoras, sensitivas e intelectuais são as responsável por habilidades motoras, como andar de bicicleta, dançar, jogar bola, escovar os dentes, ler um livro etc. A maioria desses pacientes são como crianças crescidas com cabelos brancos, que necessitam de muito carinho e apoio psicológico.
Também temos pacientes que chegam conscientes e orientados, onde filhos e netos são incapazes de cuidar de seus pais ou avós, (isso ocorre provavelmente pela complexidade minuciosa relacionada aos cuidados adequados), acabam optando pela internação. Passam por um período de adaptação e logo agimos com o nosso apoio psicológico. Muitos desses pacientes no início não dormem, ficam chorosos, agitados, chamam pelos filhos, netos ou algum parente. Dependendo do paciente, eles passam semanas queixosos, prostrados, tristes e ansiosos pela família e a voltam para casa.
Os profissionais fazem de tudo para levantar a autoestima do paciente. Temos acompanhamento com psicólogo e fazemos também muitas atividades para trabalhar a mente dos idosos, desempenhando atividades da vida diária. A Terapia ocupacional tem um papel primordial na saúde coletiva, reabilitação física e psíquica, prevenção e recuperação daqueles que necessitam de cuidado. Levamos para caminhar, pra distrair um pouco, os que deambulam, e os cadeirantes em cadeiras de conforto, seja qual for a situação fazemos o possível para que eles se adaptem. Conquistamos alguns sucessos com poucos pacientes, mais infelizmente temos também fracasso com outros. Recusam a se alimentar, o mais provável é que podem apresentar uma baixa imunidade.
É preciso muito cuidado com os idosos, porém a pele fica mais fina. A espessura da epiderme ou seja a pele, a sua camada com o passar dos anos, passa por um processo que ocorrem pela diminuição da densidade de fibras elásticas e de colágeno. Toda atenção é imprescindível ao pegar nas mãos ou no braço. Eles ficam vulneráveis e frágeis, e a maioria deles são totalmente dependentes.
Nesse trabalho tenho aprendido muito com as crianças crescidas de cabelos brancos, os que são conscientes tem muitas experiências e me contam lindas historias vivenciadas por eles, trazendo através delas um ensinamento e conhecimento riquíssimo. Apreciam conversar, interagir com os profissionais ou com qualquer um que esteja disponível para dialogo, tem muita carência de companhia, e sem contar que eles são maravilhosos.
Eles já tiveram uma vida de trabalho corriqueira, filhos, responsabilidades grandes. Tudo que somos, fazemos hoje no presente em um âmbito geral e sociocultural, eles foram no passado. Eram semelhantemente como cada pessoa que está lendo esse texto. Acredito que para eles passam-se os anos e o que fica são as marcas de tempos vivenciados trazendo lembranças boas, ruins, momentos felizes, tristes, conquistas, sucessos, mas todos foram essenciais para o desenvolvimento pessoal e humano. Relatam histórias de superação, em que se fez necessário se tornar forte (resilientes) pra chegar até onde eles estão hoje. Cuidar de nossos idosos é preservar a nossa História. Alcançaram uma vida inteira de muitas batalhas, merecem o respeito que foi conquistado por anos de experiências.
A velhice é um prêmio para quem conseguiu chegar até ela. No futuro todos seremos idosos, se a nossa vida não for interrompida. Ao alcançar essa fase, nada mais seremos do que pequenas crianças em um corpo frágil, hoje eu auxílio amanhã seremos os necessitados de ajuda. Que venhamos refletir. Concluindo esses são os relatos do meu trabalho e amo o que faço.
Sobre a autora
Vaneide Moreira é auxiliar de enfermagem, tem 42 anos e trabalho na área da saúde há nove anos. Ela Congrega na IEAD – Belém- Campo de Limeira, no Bairro Jardim Nobreville.
Imagem destaque\reprodução: http://blog.permutando.com/cuidado-com-idosos-adaptacoes-seu-imovel/