06 ago 2019 Redação Assembléia de Deus No Banco com os Heróis
Certo jovem franzino viajava por uma floresta desconhecida. A tarde ia-se embora, o sol desparecia no horizonte e ao longe ele avistava a fumaça das fogueiras dos índios peles-vermelhas.
Depois da longa viagem, o jovem, conhecido pelo fogo do amor de Deus em seu coração, parou para passar à noite. Sem saber que alguns dos silvícolas, ou seja, nativos daquela região, estavam o seguindo sorrateiramente, prostrou-se e clamou a Deus em alta voz.
Aquela cena chamou atenção dos índios, que cogitavam matar o jovem, pois temia serem roubados ou atacados pelos “caras-pálidas”. Mas, desistiram da ideia ao verem e ouvirem o missionário clamando ao “Grande Espírito”, insistindo que Deus salvasse aquelas almas.
No dia seguinte, o moço, não sabendo o que acontecera na noite anterior, foi recebido na vila de forma cortês. No espaço aberto entre as wigwams (barracas de peles), ele leu Isaías 53 aos índios. Enquanto pregava, Deus respondeu a sua oração e os silvícolas ouviram o sermão com lágrimas nos olhos.
Esse jovem se chama David Brainerd, nasceu em 20 de abril de 1718. Perdeu o pai aos 9 anos, e a mãe, aos 14. No entanto, converteu-se ao Senhor Jesus com 20 anos.
Alguns meses mais tarde, o “Grande Avivamento” alcançou a cidade de New Haven, e o jovem David foi profundamente tocado. Completados seus estudos para o santo ministério, escreveu: “Preguei o sermão de despedida ontem à noite. Hoje pela manhã orei em quase todos os lugares por onde andei, e, depois de me despedir dos amigos, iniciei a viagem para o habitat dos índios, certo que Deus comigo estava”.
Brainerd não conhecia o idioma nativo e precisa de intérprete para que sua pregação alcançasse os índios. O missionário passava dias orando para que viesse sobre ele o poder do Espírito Santo com tanto poder, para que o povo não pudesse resistir à mensagem.
Certa vez teve que pregar usando como um intérprete um bêbado. Mesmo assim, Deus operou com poder e dezenas de pessoas entraram à sua vida a Cristo.
Ele andava, às vezes, perdido de noite no ermo, apanhando chuva e atravessando montanhas e pântanos. Tinha de suportar o calor do verão e o intenso frio do inverno e os dias a fio com fome.
A intenção dele era casar Jerusa Edwards – filha do pastor Jonathan Edwards – e estabelecer um lar entre os índios convertidos. Porém, começava a sentir a saúde abalada e reconhecia que não conseguiria suportar mais do que dois anos.
Mas, após cinco anos de viagens árduo no ermo, de aflições inumeráveis e de sofrer dores incessantes no corpo, David Brainerd, tuberculoso e com forças físicas quase inteiramente esgotadas, conseguiu chegar à casa pastor Jonathan Edwards.
O peregrino já completara a sua carreira terrestre e esperava o carro de Deus para levá-lo à glória. Quando, no seu leito de sofrimento, viu alguém entrar no quarto com a Bíblia, exclamou: “Oh! o querido Livro! Breve hei de vê-lo aberto. Os seus mistérios me serão desvendados”.
Suas forças físicas minguavam e ele falava com mais e mais dificuldade, mas a sua percepção espiritual parecia aumentar: “Fui feito para a eternidade. Como anelo estar com Deus e prostrar-me perante Ele. Oh! que o Redentor pudesse ver o fruto do trabalho da sua alma e ficar satisfeito. Oh! vem Senhor Jesus! Vem depressa! Amém”. E foi assim que dormiu no Senhor.
Depois desse acontecimento, Jerusa Edwards começou a murchar como uma flor e, quatro meses depois, também foi morar na cidade celestial. De um lado do seu túmulo está seu noivo David, e do outro seu pai, pastor Jonathan.
O desejo veemente da vida de David Brainerd era o de arder como uma chama, por Deus, até o último momento, como ele mesmo dizia: “Anelo ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino, até o último momento, o de falecer”.
Brainerd findou sua carreira terrestre aos 29 anos. Sua biografia, escrita por Jonathan e revisada por John Wesley, teve mais influência sobre a vida de A. J. Gordon do que qualquer outro livro escrito, exceto a Bíblia. Guilherme Carey leu a história que narra sua obra e consagrou sua vida ao serviço de Cristo e gastou-a na Índia. Roberto McCheyne leu o diário de David e passou sua vida entre os judeus. Henrique Martyn leu sua biografia e decidiu consumir-se dentro de um período de seis anos e meio na Pérsia, a serviço do Mestre.
O que David escreveu a seu irmão, Israel Brainerd, é para nós um desafio à obra missionária: “Digo agora morrendo que não teria gasto minha vida de outra forma, nem por tudo que há no mundo”.
Uma das célebres mensagens deixadas como exemplo de um verdadeiro apaixonado por almas: “…sinto-me mais alegre hoje acerca dos peles-vermelhas. Oxalá Deus atraia grande número deles a Jesus Cristo…”