As ruas de comércios, supermercados, lojas, shopping centers estão lotados – mesmo em tempos de pandemias. As pessoas estão em busca dos presentes, das decorações de última hora e dos preparativos para ceia. Então é natal!
Mas, ao invés de festa, barulhos, fogos, danças e músicas, sugiro silêncio – nem que seja por um minuto. Uma pausa, entre uma garfada e outra, para pensar se as comemorações natalinas representam o verdadeiro sentido da data mais importante do cristianismo: o nascimento de Jesus, o Cristo.
Acredito que a cristandade entendeu que Natal não é a figura do bom velhinho, denominado de papai Noel. A árvore, chamada ironicamente de árvore de Natal; as decorações, as comidas, as trocas de presentes não representam a essência natalina. E vale sempre lembrar que Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro.
Mas, o natal deve ser celebrado, festejado e comemorado? É claro que sim. É o momento para reunir a família e os amigos e agradecer a Deus por ter enviado seu filho, Jesus, nosso Senhor.
O nascimento de Jesus aponta ao insondável amor de Deus, que nos amou desde a eternidade, apesar das nossas fragilidades e imperfeições. O Eterno amou-nos e deu-nos seu Filho Unigênito. Deu-o como oferta pelo nosso pecado. Entregou-o para ser cuspido pelos homens e ser pregado numa cruz como nosso substituto. Por isso, celebre o Natal, pois só existe perdão, porque Jesus nasceu.
No entanto, em meio a todas as agitações da data, o meu convite é para a pausa. O mesmo momento de serenidade que atraíram sábios (reis magos) da Pérsia (hoje Irã) até a pequena Belém da Judeia, em Israel, há mais de dois mil anos.
Em uma noite calma e tranquila, aqueles homens versados em astronomia tiveram sua atenção atraída por uma estrela. Apesar de a tradição cristã afirmar que eram três homens – Belquior, Baltasar e Gaspar -, a Bíblia nada diz sobre seus nomes ou a quantidade (Mateus: 2,1-12). Diferente da cena do presépio, que mostra os magos na manjedoura, o evangelista Mateus afirma que eles encontraram José, Maria e Jesus na casa.
Aquele astro luminoso com luz própria fez esses homens viajarem por cerca de quatro mil quilômetros até encontrar o recém-nascido. Mas, qual o propósito dessa viagem internacional? E os custos? Imagine os riscos que aqueles homens se dispuseram. Quantos meses e/ou anos demoraram?
Pausa.
O esforço empreendido pelos magos se deve a uma visão – uma estrela em uma noite silenciosa. Esse astro apontava para um menino, o rei dos Judeus. A aventura tinha um motivo: adorar a Jesus (Mateus: 2,2).
Somente quando estamos em silêncio compreendemos que Natal é momento de adoração. Para os linguísticos, adorar é prostrar e consagrar o espírito, alma e corpo.
Penso que temos dificuldade de entender o que é adoração, porque pensamos que o simples fato de irmos à igreja é um ato de adoração a Deus. Até chamamos shows, marchas, eventos e outros ajuntamentos de culto de adoração.
Os magos não vieram ver Jesus para descrevê-lo ou se alegrar com os pais (recém-nascido). Vieram adorá-lo. Com aqueles homens aprendo que não existe adoração sem entrega de pensamento, sentimentos e atitudes a Deus. Eles endossaram uma doutrina básica para a cristandade: a adoração não pode ser descentralizada da pessoa de Cristo (João: 4,25-26).
Quando Jesus não é o centro do culto, a nossa adoração é vazia e efêmera. O culto não é para agradar os homens e nem a música congregacional para entreter. Deus não se impressiona com pompa, Ele busca a verdade no íntimo.
Pausa.
O nascimento do Rei é a festa da vida e da salvação. Precisamos resgatar o verdadeiro sentido do Natal. Precisamos devolver o Natal ao seu verdadeiro dono. Precisamos como os magos do Oriente, ir a Jesus para adorá-lo, depositando a seus pés os nossos melhores tesouros, pois ele é digno de receber toda honra, toda glória e todo o louvor.
Sobre o autor:
Esdras Domingos da Silva é presbítero da Assembleia de Deus – Belém – Campo de Limeira, em Artur Nogueira. Casado com Solange Domingos, ele é jornalista, bacharel em teologia pelo CETAD e UNAR, especializado em gestão ambiental pela Faculdade Anhanguera, consultor em comunicação e mídias e graduando em pedagogia. Esdras é um dos responsáveis pelo site da IEAD Belém e professor do CETAD.